Já pensaste naqueles conselhos que te dão, que até sabes que são bons, mas resolves ignorar? Pois bem… no meu caso o conselho que ignorei (pelo menos durante alguns anos) foi o de criar uma marca pessoal.
Há aquelas pessoas que se sentem super à vontade em dar a cara, aparecer, gravar vídeos, fazer networking e partilhar a sua vida online? Bom… Não sou eu!
Sou a pessoa que adora ler um livro ou ver uma série na TV. Se tiver de escolher entre estar em casa com o Miguel e o Lucky ou estar numa festa cheia de pessoas, prefiro mil vezes estar em casa. Se pudesse, não tinha redes sociais, e ficava quietinha no meu canto!
Agora consegues perceber o motivo pelo qual trabalhar uma marca pessoal sempre foi algo que me deu comichão!
No entanto, preciso de dar a mão à palmatória, fez mesmo toda a diferença dar-me a conhecer!
Não quero ser só mais uma no mercado
Não sei se sabes, mas nunca quis ter um negócio meu. As coisas acabaram por acontecer e, pelo caminho, apaixonei-me verdadeiramente pelo empreendedorismo.
Durante anos, não tive redes sociais (embora vendesse o serviço de gestão de redes sociais – consegues perceber a incoerência desta frase?).
Achava que não eram importantes! No entanto, quando as criei, foquei-me apenas no perfil de Facebook da Findup! E isto foi o que tive durante anos. Depois, criei o Instagram da agência. E esta desgraça foi a minha primeira publicação.
Como podes ver, está longe de ser bom! Na verdade, está uma verdadeira bosta! Mas ei… Está tudo certo! Foi esta publicação horrível, que eu achei que estava incrível, que me fez continuar!
Por isso, se começaste melhor que isto, estás 20 passos à frente de como eu comecei!
Durante uns 3 ou 4 anos, só trabalhei a agência nas redes sociais. O meu perfil de Instagram era fechado, assim como o de Facebook (este ainda é privado)!
Mas havia algo que me fazia confusão: as pessoas chegavam por mim, pelo networking e pelas lives que fazia na comunidade das Mulheres à Obra. E aí, foi a primeira vez que percebi que trabalhar a minha marca pessoal, ou seja, trabalhar-me a mim, poderia ser muito mais rentável a longo prazo!
Como trabalhei a minha marca pessoal ao longo dos anos!
Há imensa coisa que te poderia dizer sobre marca pessoal. Mas, nos últimos meses, tenho ouvido frequentemente a frase seguinte “uma mentora partilha muito mais os erros do que os acertos”. Então, é isso que vou fazer.
Ao longo das próximas linhas, vou partilhar contigo alguns dos meus maiores erros no que respeita este tema. E acredita que estes são só alguns… haveria tanto para contar! O problema é que este texto ia ficar gigante e tu ias fartar-te e não conseguirias ler até ao fim! E não é isso que quero.
1. Não ser consistente
Não me posso gabar de ser a pessoa mais consistente à face da terra! Acho que são poucas as coisas das quais não desisti, pelo menos, uma vez até hoje!
E não, isso não faz de mim uma má profissional. Faz de mim um ser humano! Mas continuemos…
Ao longo dos anos, já comecei a trabalhar a minha marca pessoal, umas 3 ou 4 vezes. Mas depois, acabo por arquivar tudo o que partilhei, mudar totalmente a identidade gráfica do projeto e, literalmente, não levar à vante aquilo que comecei.
Só neste parágrafo consegues identificar mais uma quantidade industrial de erros, certo? Pois bem… é verdade que os cometi todos. Então, está tudo certo se ainda não és uma pessoa consistente.
Mas deixa que te diga, a consistência no trabalho da marca pessoal – tal como em tudo na vida – vai trazer-te resultados. Só não vai ser do dia para a noite, coração!
2. Não saber o que quero
Não sei se isto acontece contigo, mas espero que sim. Ao longo dos últimos anos, mudei imenso. A Filipa que começou um negócio perdida na maionese, não é a mesma que está neste momento sentada em frente ao computador a escrever.
Errei muito, aprendi muito, evolui como profissional e como pessoa, fiz terapia (sim, terapia é vida), passei por crises de ansiedade que faziam com que não saísse de casa, fui alvo de uma intervenção por parte da minha equipa (sim, como aquelas que fazem nos filmes)…
São cada vez mais os profissionais que defendem o autoconhecimento acima de qualquer outro conhecimento. E saber quem és é o primeiro passo para saberes o que queres.
O maior desafio é que quem tu és hoje não é a mesma versão de quem tu vais ser daqui a 1 ou 2 anos. Então, como criar uma marca pessoal que seja fiel a isso, sem que a estejas a mudar a cada meia dúzia de meses?
Queria dizer-te que há uma fórmula mágica, até porque se ela existe, ainda não a encontrei. Por isso, não sei ao certo como o podes fazer.
Até hoje, já mudei o branding da FindUp 3 vezes, e da marca pessoal 4 vezes. Isto é algo bom e do qual me devo orgulhar? Porra, é claro que não. Mas não consigo trabalhar com algo com o qual não me consigo identificar mais.
Então, o melhor conselho que te posso dar neste ponto é: procura a tua essência e cria a tua marca baseada nos teus principais valores. Os meus são, entre outros, a transparência, a criatividade, a empatia e a aprendizagem contínua. Então, independentemente das cores ou tipografias que utilize, a minha marca e a minha comunicação têm de transmitir isso.
Se soubesse o que sei hoje, teria começado por exercícios de visão de futuro, autoconhecimento e arquétipos de marca. Fizeram toda a diferença na minha vida!
3. Querer ser alguém que não sou
No seguimento do erro anterior, veio talvez o mais breve desta listagem: “Querer ser alguém que não sou”!
É extremamente fácil, principalmente em momentos de fragilidade, pensar:
- Conheço 5 ou 6 mulheres que têm negócios de sucesso e todas elas têm o cabelo loiro. Então, talvez eu deva ter o cabelo loiro para ter sucesso!
- Já vi 3 ou 4 perfis de Instagram com mais de 20 mil seguidores que utilizam o bege, o terracota e o vermelho como cores principais. Então, talvez eu precise de utilizar estas cores na minha comunicação.
- Há, pelo menos, 5 profissionais de quem gosto a venderem cursos incríveis a menos de 10€. Então, é isso mesmo que preciso de fazer para fazer vendas.
Vou-te dizer o motivo pelo qual este foi o erro mais breve da minha trajetória de desenvolver a minha marca pessoal. Percebi, ao fim de 2 ou 3 dias, que tentar ser uma pessoa que não era, ia dar merda!
Sim, eu pensei mudar o meu cabelo de vermelho para loiro, pensei mudar as cores do meu perfil para aqueles vermelhos que toda a gente usa e pensei em trocar todo o meu guarda-roupa (embora neste ponto, tenha doado imensa roupa com a qual já não me identificava) para me vestir como as pessoas que têm milhares de seguidores.
Mas sabes que mais? Embora tenha mudado a minha forma de vestir, porque me sinto bem assim, não mudei aquilo que é uma das coisas que mais utilizo: ténis! Então, independentemente do que tiver vestido, se me encontrares na rua, vou estar de: ténis, botas, sandálias rasas ou havaianas!
Resumidamente: se defendo que devemos ser autênticos e aproveitar as nossas histórias de vida como um super poder que nos diferencia dos outros, por que raio haveria eu de querer mudar quem sou só para caber num estereótipo de comunicação online?
E é por isso que, felizmente, não meti verdadeiramente a pata na poça! Acredito que se tivesse dito à Jéssica que queria mudar o perfil todo ao fim de 2 meses, ela se tivesse despedido!
4. Não ter objetivos definidos
Pode parecer estúpido, mas a verdade é que até recentemente eu era aquela pessoa que definia meia dúzia de objetivos no início do ano e nunca mais olhava para eles. Ou seja, era uma perda de tempo enorme.
Se tens um objetivo, mas depois de o definires nunca mais olhas para ele, como vais conseguir alcançá-lo?
Define os objetivos que queres alcançar e específica como a tua marca pessoal te vai ajudar a alcançá-los! Pode ser através de eventos presenciais, networking, desenvolvimento de produtos digitais, publicidade…
5. Não ter uma estratégia definida
Pior do que não ter objetivos, é não ter estratégia ou… ter uma estratégia desenhada e não a implementar…
Ficas desde já a saber que já fiz as duas coisas, por isso coração, se nunca fizeste nada disto, os meus parabéns, já começaste bem melhor que eu!
Antes que comeces a ter um mini panicanço, fica a saber que uma estratégia não é nada mais, nada menos, que um plano de ação que te vai levar do ponto A até ao ponto B! Simples assim!
Há n estratégias que podes ter no desenvolvimento da tua marca pessoal, mas, na prática, depende tudo:
- Dos teus objetivos
- Do teu tipo de negócio
- Da tua capacidade de execução (ou de contratação)
Deixa-me já dizer-te que é escusado pensares em fazer tudo sozinha. Gerir as tuas redes sociais, criar o teu site, escrever para o blog, fazer páginas de venda ou captura, enviar emails, fazer propostas comerciais, desenvolver produtos, fazer anúncios, estar em eventos e estudar frequentemente…
Tentares fazê-lo é o caminho certo para entrares num estado de burnout ou depressão, ou ansiedade, ou o que raio for!
Assume que não dá para te virares em mil e fazeres bem-feito tudo o que é preciso, sem contares com o apoio de ninguém. Acredita, não vale a pena!
Eu tenho uma equipa comigo que segura as pontas, e ainda assim dou por mim a hiperventilar com a quantidade de coisas que preciso de fazer.
Podia continuar a escrever sobre mais erros que cometi, mas sinto que este artigo já vai longo e já te apresentei alguns dos pontos mais relevantes sobre trabalhar uma marca pessoal.
Por isso, se leste tudo até aqui, mulher, és incrível e eu sou tua fã! Obrigada por dedicares tanto tempo a ler o que escrevi a pensar em ti!