Até há 2 ou 3 anos, quando pensava em produtividade, pensava em estar sempre ocupada e a fazer coisas para conseguir alcançar os meus objetivos.
Por isso, pergunto-te, antes de passares às próximas linhas, se sentes, ou se já sentiste, isso?
Se a resposta foi positiva, preciso que continues a ler com atenção. Não te vou revelar nenhuma estrutura mágica para seres mais produtiva. No entanto, vou partilhar contigo um pouco de como as coisas funcionaram comigo. Pode ser que, de alguma forma, te ajude também.
O que é afinal a produtividade?
Imagina que a produtividade é como fazer um bolo para o qual tens a receita.
Se tens os ingredientes todos e segues os passos à risca, consegues fazer o bolo e garantir que ele fica perfeito!
Mas, se a meio da receita percebes que te faltam ovos ou que a farinha não é suficiente, das duas uma: ou arriscas e “seja o que deus quiser” ou vais à mercearia e compras os ingredientes que faltam. De qualquer forma, o bolo pode não ficar tão bom ou vai, garantidamente, demorar muito mais tempo a ser confecionado.
De forma muito prática, a produtividade é isso: fazer as coisas da melhor forma possível, usando bem o tempo que tens disponível e os recursos que estão à tua disposição. Ou seja, ser produtiva é mais sobre trabalhar de forma organizada, sem desperdiçares a tua energia e sem teres de trabalhar mais!
Mas Filipa, qual o motivo pelo qual resolveste falar de produtividade? Não era suposto este blog ser sobre estratégias de marketing?
Sunshine, este blog é sobre tudo aquilo que eu sentir que pode fazer diferença na tua vida.
Deixa-me contar-te um pouco de como tudo começou!
Quando a única opção era trabalhar até às 3h da manhã
Em 2014, quando decidi que precisava de mais dinheiro para pagar o carro que tinha acabado de comprar, percebi que não tinha como multiplicar o meu ordenado.
Trabalhava numa empresa de consultoria, e tinha um horário e um ordenado fixos. Isto não dava para contornar!
Então, uma noite, comecei a pesquisar “como ganhar mais dinheiro”! Na altura, a internet não funcionava como hoje. As coisas eram consideravelmente mais simples, porque a oferta era consideravelmente mais baixa.
Mas ser mais simples, não significa que era melhor. Não havia tanta informação de qualidade disponível e era muito mais complicado ter acesso a essa informação sem qualquer custo!
Nas minhas pesquisas para perceber como ter mais dinheiro na conta, encontrei imensas formas de ganhar dinheiro:
- Passear cães
- Fazer limpezas
- Vender as coisas a mais que tinha em casa
- Escrever artigos de blog para outras marcas
- Trabalhar com dropshpping
- Responder a inquéritos online
No meio da pesquisa, encontrei uma plataforma, o Freelancer, e vi que havia pessoas a pedir orçamentos para criar planos de negócio ou escrever artigos de blog.
Se já tinha feito alguma daquelas coisas até àquele momento? Não! Mas podia aprender se alguém me contratasse. E com este espírito em mente, fui em frente!
O que deves considerar daqui?
Nunca deves mentir às pessoas que te contratam. Mas bom, primeiro é importante que encontres os problemas, só depois é que vais a correr atrás da solução. Não te vale ser espetacular na teoria, e não teres uma gota de conhecimento prático em cima.
Independentemente do que seja o teu produto ou serviço, mete as mãos na massa. Testa, faz coisas…
A minha experiência mostrou-me que nenhum cliente se preocupa com a formação que tens. Eles estão-se a cagar para isso! O que qualquer cliente quer é: resultados e conhecimentos prático.
Até podes ter zero conhecimento teórico sobre determinado ponto, mas se, na prática, fores boa, para eles é completamente irrelevante se és formada em jornalismo ou advocacia!
Mas continuando…
Quando angariei os primeiros clientes, tive de começar a organizar bem o meu tempo e, produtividade, não era uma palavra que fizesse parte do meu dia a dia! Trabalhava das 9.30h às 18.30h de segunda a sexta, então todo o trabalho extra tinha de ser feito fora daquele horário.
Lembro-me de, no pico do cansaço, me deitar às 3.30h da manhã todos os dias, porque ficava sentada na cama a escrever artigos de blog que tinha de entregar.
Um dos clientes tinha contratado um pack de 18.000 por 120€! E por cada pack que entregasse, recebia esse valor. Estamos a falar de uma média de 30 artigos! Sim… 30 artigos por 120€! Mas foi este cliente que fez com que confiassem em mim, dia após dia. Sem ele, nunca teria chegado aqui!
Quase 2 anos depois de ter começado, caí na cama de baixa 1 mês. Uma infeção pulmonar, causada em parte pelo tabaco (deixei de fumar em 2018) e noutra parte pelo meu fraco sistema imunitário!
Neste mês, acabei por trabalhar para o meu “negócio” e faturei mais do que ganhava de ordenado! No dia antes de regressar, avisei os meus pais e o Miguel que “ia-me despedir no dia seguinte”!
Se tive apoio deles? Tive! Muito! Mas também tive de lidar com:
- Trabalhas tantas horas e ganhas tão pouco
- Mas isso é seguro?
- Vais ficar doente se continuares a trabalhar assim
- Não é melhor arranjares um trabalho?
- Não estás mais segura se trabalhares para outra empresa?
- Oh agora podes passar o verão na praia
- Já que tás em casa, não queres ir ali comigo passear? Eu tou de folga e tu não tás a fazer nada
Perdi a conta a tudo o que tive de passar para chegar até aqui!
A verdade é que nessa altura nunca pensei em desistir. Eu vivia para o dia a dia. Não pensava no que ia ser o futuro. No que queria fazer. Só pensava em “quero ganhar mais dinheiro, vou arranjar mais clientes”. Mas nunca percebi que estava a cometer um erro. Muitos erros, na verdade!
Não interessa ter mais clientes, se perdes a tua sanidade mental!
Ninguém nasce ensinado a gerir um negócio, muito menos a saber como o tornar rentável. E eu, não sabia (ainda sinto que não sei, na verdade!). Então, ao longo do percurso estes foram alguns dos erros que cometi:
- Aceitar clientes atrás de clientes
- Ter preços estupidamente baixos por achar que não era boa o suficiente para que me pagassem mais
- Oferecer descontos, facilidades de pagamento e ainda fazer trabalho de graça
- Não saber dizer não
- Não trabalhar a minha marca pessoal
- Aceitar clientes com os quais não me identificava só porque precisava do dinheiro
- Contratar pessoas que não eram adequadas para os cargos em questão
- Não despedir uma pessoa por pena, e perder quase 10.000€ no processo
- Trabalhar todos os dias, sem folgas ou férias
- Pensar que era boa o suficiente e não estudar nada
- Não fazer terapia
E por aí vai…
Mas Filipa, este artigo não era sobre produtividade? Pois é sunshine… é exatamente sobre isso que te quero falar agora. Da importância que parares tem para seres mais produtiva.
Não tenhas medo de parar…
Parar é morrer! Já deves ter ouvido isto milhares de vezes!
Mas deixa que te diga que não parar é que é morrer! É morrer de ansiedade, morrer de medo de parar e perder o que se alcançou, morrer de medo de perder o amor das pessoas que são importantes porque não temos tempo para elas (e quando temos estamos tão afundados em tudo o que podíamos estar a fazer que nem sequer aproveitamos…)!
Identificaste com isto?
Como te disse no início, durante muito tempo achei que produtividade era mais associado ao tempo que trabalhava do que ao trabalho em si. Talvez por isso, era parva o suficiente para dizer à boca cheia “ah eu trabalho ao fim de semana e de noite também muitas vezes, porque o importante é o meu objetivo”!
Inocente!!!
Mas independentemente de tudo isto, houve algo que aprendi a fazer: conhecer-me melhor!
Quando fazemos muitas vezes a mesma tarefa, sabemos quanto tempo demoramos a concluí-la! Eu demorava, em média, 40 minutos a escrever um artigo de blog. Mas havia dias que demorava 2h a escrever esse mesmo artigo.
Nesses dias, eu sabia que podia fazer uma de duas coisas:
- Continuar à frente do computador, frustrada porque não conseguia acabar o trabalho
- Parar e ir fazer qualquer coisa o resto do dia e pegar nos artigos em falta no dia seguinte com a cabeça mais fresca
E era a segunda opção à qual eu me agarrava. Eu sabia que não estava a ser produtiva naqueles dias. Sabia que passar horas em frente ao computador só me ia deixar pior. Mais chateada. Mais frustrada.
Então parava. E sabes que mais? Nunca ninguém morreu por eu parar – e nesta altura eu ainda trabalhava sozinha!
O mais engraçado? Achava que ter uma equipa comigo me ia ajudar a relaxar mais vezes…
Mas a verdade não foi assim tão bonita
Quando comecei a ter uma equipa, comecei a trabalhar ainda mais horas. Porque tinha de fazer todo o meu trabalho e ainda validar e verificar o trabalho deles!
Produtividade? Qual produtividade? Eu era uma bombeira a apagar fogos do início ao fim do dia. E pior…. sempre que tirava férias, havia um problema gigante.
Houve uma vez que tirei 5 dias de férias e o software de agendamentos deixou de funcionar. Tive de voltar para casa mais cedo porque só eu é que tinha os acessos às contas dos clientes e tinha deixado o computador em casa!
Como esta questão, houve muitas outras!
Aquilo que quero dizer-te é: hoje, mesmo tendo uma equipa em quem confio horrores, ainda tenho de me forçar a parar. Ir de férias é incrível, mas nunca desligo a 100%, tenho sempre um olho cá e um olho lá!
Tento, todos os anos, fechar a empresa na semana entre o natal e o ano novo. Este ano, não foi excepção! Fiquei de férias uma semana inteira.
E sabes que mais? Tive de me forçar, dia após dia, a não pegar no computador, não adiantar as 50 mil coisas que tinha para fazer. E sabes porquê? Porque eu já sabia que o regresso ao trabalho ia ser extremamente puxado!
Entre todo o processo comercial para a Findup, o processo comercial para a mentoria d’A (R)evolução do Negócio, a criação de tudo o que é preciso para colocar a mentoria no mundo, o desenvolvimento de estratégia para os novos clientes da FindUp e ainda estar a fazer uma mentoria 1 vez por semana, durante 16 semanas, eu precisava de descansar o máximo que conseguisse.
Eu parei, descansei, li imenso, vi televisão, estive com as pessoas de quem gosto e fiz o que me apeteceu. Mas não trabalhei!
Então, quando voltei ao trabalho, a produtividade estava lá. Como uma amiga silenciosa do meu lado, ajudando-me a cada passo do caminho.
Tudo isto porque não tive medo de parar, mesmo quando o meu cérebro me puxava para fazer “qualquer coisinha”, para adiantar coisas que depois não ia ter tempo de fazer.
O que te quero dizer é: sim, parares, estares com as pessoas de quem gostas, teres hobbies, vai garantir não só maior produtividade, como também uma maior criatividade.
Quando estamos completamente exaustas, o nosso cérebro não funciona na sua máxima capacidade. E é aí que os erros acontecem, coração!