Se todas as pessoas têm algo único, porque é que tantas insistem em esconder isso quando comunicam?
Li o livro Unique Stories, da Flavia Gamonar, e foi como ler uma carta escrita com as palavras que defendo há anos. A verdade é que nunca acreditei em fórmulas mágicas no marketing digital, e este livro apenas reforçou que a criação de conteúdo mais poderosa nasce de dentro — da nossa história, da nossa jornada, da nossa humanidade.
Neste mundo onde somos bombardeados por milhares de estímulos diários, o que realmente distingue uma marca pessoal ou um profissional não é o que faz, mas a forma como comunica quem é. E isso, para mim, é o centro de tudo.
Como nos diferenciamos quando toda a gente está a criar conteúdo?
Hoje em dia, criar conteúdo tornou-se quase obrigatório. A internet está cheia de dicas, vídeos, carrosséis e artigos. Mas isso levanta uma questão importante: como nos destacamos quando todos falam ao mesmo tempo?
A resposta está menos na técnica e mais na origem: trabalha a tua história através da tua marca pessoal.
Foi isso que o livro me lembrou. Cada um de nós tem um percurso diferente, feito de decisões difíceis, recomeços, erros e descobertas. Quando usamos essa vivência como ponto de partida, deixamos de ser “mais um” e passamos a ser alguém memorável.
Não é preciso ter uma grande história. Basta que seja tua.
1 – O que faz de ti uma marca é a coerência entre o que dizes e o que fazes
Numa era em que tudo pode ser pesquisado, a incoerência é o fim da credibilidade.
Uma coisa é certa: o conteúdo que partilhas precisa de refletir quem és. Não pode haver distância entre o teu discurso e a tua prática.
A autenticidade não é só um conceito bonito — é uma necessidade.
E é aí que o livro toca num ponto essencial: a tua história precisa de ser uma extensão natural da forma como te apresentas ao mundo.
Se comunicas com paixão, mostra essa energia. Se és mais analítica, deixa isso claro na estrutura do teu conteúdo. O que importa é seres verdadeira.
2 – Ninguém se conecta com a perfeição
Porque é que sentimos mais empatia por alguém que partilha um erro do que por alguém que só mostra conquistas? A resposta está na vulnerabilidade.
Mostrar que nem tudo corre sempre bem aproxima. Humaniza. Cria empatia imediata.
Ao contrário do que muitos pensam, partilhar um momento de dúvida ou um fracasso não te fragiliza. Fortalece-te. Mostra que tens consciência, maturidade e a coragem de seres transparente. E num mercado que prima por mostrar a perfeição, teres coragem de mostrar a realidade é incrível.
Foi isso que me fez sublinhar várias páginas de Unique Stories. Como a Flavia expõe a importância de sermos reais — e como isso impacta diretamente a forma como somos percebidos.
3 – A criação de conteúdo é um ato de coragem e consistência
Se me perguntares qual é o maior desafio para quem está a começar a criação de conteúdo, a minha resposta é só uma: vencer a ideia de que ainda não está pronto (e vencer as crenças limitantes que têm regido a sua vida).
Mas deixa-me dizer-te algo importante: a verdade é que nunca vamos estar totalmente prontos. E ainda bem.
A criação de conteúdo é um processo contínuo de aprendizagem. William Glasser, psiquiatra americano, dizia que aprendemos até 95% melhor quando ensinamos. Ou seja, ao partilhar, também estamos a estruturar o nosso próprio pensamento. Estamos a crescer. E por onde se começa a criação de conteúdo? Pela história que sabes contar com mais clareza. Pode ser:
- Uma situação marcante da tua carreira
- Um desafio que superaste (ou continuas a superar)
- Um conselho que gostarias de ter recebido antes
- Um livro que te abriu horizontes
- Uma dúvida que ouves frequentemente dos teus clientes
Tudo isso é conteúdo. Tudo isso é comunicação digital com propósito.
4 – As redes sociais precisam mais da tua voz do que da tua perfeição
Já reparaste como algumas das publicações mais simples são aquelas que mais te tocam? Não é por acaso.
Hoje, o que gera engagement real é o conteúdo que mostra pessoas com ideias, dúvidas, emoções e valores.
Mais do que seguidores, as pessoas procuram referências. E uma referência não se constrói com números, mas com conexão.
Mesmo que não tenhas milhares de visualizações, o teu conteúdo pode impactar alguém profundamente (vê este vídeo onde falo disso mesmo). E essa pessoa pode ser um cliente, um parceiro ou alguém que te vai recomendar a outra pessoa.
Por isso, cria. Mesmo que pareça pequeno. Porque é dessa pequena partilha que pode nascer algo muito maior.
5 – O verdadeiro valor da tua história no marketing de conteúdo
O Unique Stories lembra-nos que, num mundo saturado de informação, o bem mais valioso que tens para oferecer é a tua narrativa real.
Não estou a falar de fazeres um “sobre mim” bonito. Estou a falar de te expores com verdade — e com estratégia.
Sim, a criação de conteúdo exige planeamento. Sim, é importante entender o percurso do cliente: desde a descoberta até à decisão. Mas esse planeamento só faz sentido se vier enraizado na tua verdade.
- Porque é que partilhas?
- Para quem é a tua mensagem?
- Que impacto queres causar?
Estas são as perguntas que deves fazer a ti própria antes de carregar no “publicar”.
6 – É a emoção que transforma conteúdo em memórias
Estudos em neurociência mostram que o cérebro retém mais facilmente uma informação quando esta está ligada a uma emoção. Seja ela alegria, surpresa, identificação ou até desconforto.
É por isso que as histórias bem contadas ficam connosco.
É por isso que nos lembramos de um post de alguém que nem conhecemos… mas que nos tocou.
E aqui, entra um ponto essencial: não existe uma situação em que não possas usar a emoção. Existe apenas desconforto em fazê-lo. Mas quando ultrapassas essa barreira, abres espaço para a criação de conteúdo com impacto — aquele que inspira, que move, que transforma.
7 – Quase tudo pode virar conteúdo — desde que a tenhas coragem para o contextualizar
Já ouviste alguém dizer: “não tenho nada para partilhar”? Na maioria das vezes, não é falta de conteúdo. É medo de parecer desinteressante.
Mas a verdade é que quase tudo pode ser transformado em conteúdo valioso.
Basta uma boa pergunta. Um contexto. Uma intenção.
Por exemplo:
- Como um hobby te ajuda a lidar com o stress do trabalho?
- Que lições tiraste de um livro que leste?
- O que aprendeste num projeto recente — mesmo que não tenha corrido como planeado?
E lembra-te: ninguém é igual a ti. E isso é o teu superpoder.
8 – A tua autoridade constrói-se no detalhe — e com tempo
A autoridade não nasce de um conteúdo viral. Nasce de um trabalho coerente, relevante e persistente. Cada post, cada artigo e cada comentário é um ponto de contacto com o teu público.
Mesmo que hoje não queiram (ou possam) trabalhar contigo, o que estás a construir pode ser o que os leva a lembrar-se de ti amanhã.
Fala de forma clara. Partilha com intenção. Responde com interesse genuíno. Interage com o conteúdo dos outros.
Está presente além de qualquer publicação!
O Unique Stories é mais do que um livro sobre criação de conteúdo. É um lembrete de que quem tu és importa. A tua história tem valor. As tuas ideias merecem palco. E o teu conteúdo pode — e deve — ser o elo entre quem tu és e o impacto que queres ter.
Não deixes que o medo de não ser suficiente te paralise. Não esperes pela perfeição. Começa. Escreve. Partilha. Mesmo que tremas.
Porque, no fim, é isso que diferencia quem comunica… de quem realmente marca.